quarta-feira, 30 de julho de 2008

Sobre Beltenebros - Contos Venusianos

"(...) Jorge Mantas nasceu em 1972 e publicou duas obras de ficção em edições confidenciais: "Sensurround" (2002) e "Os Ruídos Românticos de Fausto" (2003). Parece óbvio que vive mergulhado em livros - o primeiro texto desta nova colectânea começa dizendo: "A literatura é a minha casa." E o último texto termina: "E uma noite, a literatura produziu o milagre da carne." "Beltenebros" é menos um exercício da "literatura erótica" do que uma tentativa de escrever erotismo através da literatura. Os contos estão cheios de musas misteriosas, aparições em escadarias, sereias coroadas de flores. E a dimensão "venusiana" nasce desses ecos culturais e não tanto das cenas propriamente carnais. Toda a figuração feminina aponta aliás para o fantasmático e o mitológico.
É uma fantasia não estritamente sexual. As personagens masculinas têm de facto uma "ideia do amor" e procuram amor pelas cidades europeias: Potsdamer Platz, no cemitério de Highgate ou nuns Champs-Élysées que se transformaram literalmente nos Campos Elísios gregos. Viciados da beleza feminina, estes belos tenebros vivem em exaltação constante e excitação casional. As raparigas que por aqui passam não são pessoas mas utopias, impossíveis ou fugidias. Daí que os contos privilegiem estados de transição, como sono agitado e as madrugadas insones. Uma das histórias imagina mesmo uma "sociedade secretas de sonhos" que lembra os anjos de Wim Wenders. (...)"
Pedro Mexia, in Público (18-7-08)

1 comentário:

ilhéu disse...
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