segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Terras do Sol



"Para as bandas do Sul, pelo vasto e luminoso Alentejo, habitam quando é seu tempo as cegonhas no seus ninhos altaneiros.

Logo cedo pela manhã os progenitores vão ao trabalho, voando em redor, a fim de sustentarem a prole. À espera deles ficam os filhotes, no aconchego do lar, abrem depois os seus biquinhos para o azul e para o alimento.

Semelhantemente, pela campina sem fim, vêem-se montes solitários, aldeias aconchegadas, vilas e cidades.

Este volumezinho lembra cinco vilas ou cidades deste amado Alentejo, em cinco textos tecidos de história, de lenda e de fantasia."

E o Céu tão Baixo


"Utopia
Na brancura da cal o traço azul
Alentejo é a última utopia.
Todas as aves partem para o sul.
todas as aves: como a poesia."

Lisboa, a Construção da Memória da Cidade



"O que nos propomos fazer é aquilo que poderemos considerar como uma primeira aproximação da história da evolução do conceito de património, da ampliação do seu conteúdo, da perpectiva de um estudo de caso, o da cidade de Lisboa."

Rio Côa, A Arte do Rio e da Pedra



"O autor descreve a viagem que realizou, em constante diálogo com os seus colaboradores, o que permite ao leitor deste diário compreender o porquê do pormenor das construções e o sentido poético que respiram e, simultaneamente, entender que essas construções são parte integrante da grandiosa paisagem que o rio percorre e a que dá alma e de que recebe a razão de ser."

Gonçalo Ribeiro Telles

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Tchekov em Cena


"A linha de investigação em teatro, cumprindo uma quase obrigação para com a história do teatro e para com a história de encenação, não podia deixar passar em claro, não tanto o centenário da morte de Tchekov, mas sobretudo o centenário da encenação d'O Cerejal, lugar de ruptura na história do teatro europeu. Por razões que a história conhece, a conjugação dos dois acontecimentos determinou em grande medida os desenvolvimentos da jovem arte da encenação a partir de 1905: a morte de Tchekov pôs fim a uma colaboração intensa entre o Teatro de Arte e o dramaturgo; a encenação do Cerejal constituiu como que a consagração e, em certa medida, o esgotamento duma linha de trabalho que Stanislavski designou como "da intuição e do sentimento". A partir desta data há-de precipitar-se a crise artística que conduzirá o Teatro de Arte de Moscovo a uma aproximação das estéticas do simbolismo (Blok, Maeterlinck...) e à busca de novas linguagens no plano da encenação e do trabalho do actor, particularmente com o regresso de Meyerhold para dirigir os trabalhos do Teatro Estúdio da Rua Povarskaja."

Escola de Música da Sé de Évora


"As seis Jornadas Internacionais realizadas até hoje reuniram um conjunto vasto de maestros, investigadores, cantores e coros que contribuiram para o aprofundamento do estudo e interpretação da Polifonia da Escola de Música da Sé de Évora."

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Autos, Passos e Bailinhos



"Neste livro publica-se o conjunto dos textos do repertório hoje representados pelos actores-marionetistas do Cendrev, devidamente enquadrados por depoimentos e reflexões relativos ao processo passado e presente de salvaguarda e dinamização do espólio como o conhecemos actualmente. Assim, o modo de apresentação do conjunto das peças adoptado aqui partiu da transição efectuada por Alexandre Passos, a qual foi ajustada aos critérios de transcrição seguidos pelos investigadores do projecto e, também, ao testemunho vivo dos actores envolvidos na conservação actual do teatro dos Bonecos de Santo Aleixo, na difícil tarefa de esclarecimento e ponderação da importância relativa das marcas da oralidade bem como da vertente regional que conotam a fala dos bonecos."

Pai, não Abra já Essa Porta



"Hoje é quinta-feira, 29 de Junho. O pai foi a enterrar. Eram 4 horas da tarde. Desaparecia para sempre do alcance dos meus olhos. Agora é só uma imagem, mas uma imagem que se move em torno de si própria. É o meu centro. À sua volta eu rodo num movimento de translacção, por isso esta imagem me é mais presente que o corpo que sumiu.

Pela noite sento-me frente à janela fechada, Do outro lado é o pai que me olha. Agora jaz em baixo de um montão de terra encimado por uma simples tabuleta. Esta tabuleta tem um número gravado. É o número 15/2006. Como se fosse apenas um simples talhão de terra em venda. Como se fosse uma etiqueta afixada num produto de supermercado. Pelo menos ainda não teve código de barras. Era uma tabuleta feita em madeira e desenhada à mão.

O Mundo deu uma volta. Mudou de lugar. E este é o primeiro dia."

A Noite do Índio


"O dia e a noite não podem viver juntos. O Pele-Vermelha sempre evitou a aproximação do Homem-Branco, como a neblina da manhã na encosta da montanha evaporando-se antes do aparecimento do Sol."
"A noite do índio promete ser muito escura. Nenhuma estrela brilhará acima do horizonte. Ventos carregados de tristeza gemem ao longe. Um destino ameaçador parece levantar-se no caminho do Pele-Vermelha, e onde quer que esteja ouvirá sempre os passos do seu impiedoso destruidor."

O Fio da Voz



"Vislumbro as palavras no limiar

não existem mais além.

Enquanto as digo não o atravesso

repito os passos vezes sem conta.

Depois espera o instante

de que adivinho a exuberância.

Mas não o pronuncio

perante ele tenho apenas silêncios.

Encontro o horizonte que procuro

perto do início

não anseio por um outro limite.

Só neste momento

sei o que o espaço desejado contém

e percorro o interior da promessa."

A Ilha Ausente



"Os pássaros fugiram dentro da noite

atravessaram o tempo

e foram crucificar-se

na tristeza dos amantes."